A aluna da 7ª Série do turno matutino, Bruna Eloísa Coletto, sob orientação da Professora Metilde Marafon Gava, produziu o texto Moinho das Saudades (categoria Memórias), dentro das atividades da edição 2010 da Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro. A aluna foi selecionada para participar dos encontros da etapa regional das Olimpíadas, em Belo Horizonte - MG, cujo objetivo é ampliar as habilidades de leitura e escrita e a visão de mundo dos alunos, além de desenvolver, com os professores, atividades destinadas a contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho docente. Serão realizados quatro encontros sob a coordenação técnica do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) reunindo professores e respectivos alunos semifinalistas, um para cada categoria. Nos encontros da etapa regional os alunos semifinalistas aperfeiçoarão seus textos com o apoio da equipe técnica responsável pela Olimpíada e de seus professores, sendo que os textos assim aprimorados concorrerão à etapa nacional da Olimpíada.
No Blog da disciplina de Português estão postados todos os textos produzidos para a Olimpíada de Língua Portuguesa.
Moinho das Saudades
Numa noite gostosa de dormir, nas minhas contas umas três horas da manhã, quando celei meu cavalo e botei o pé na estrada. Ia no pacinho do cavalo e nas batidas do coração. O medo tomava conta de mim. O mato era bordado de animais ferozes que a qualquer momento poderiam me atacar. Com a esperança que o dia amanhecesse, ia cada vez mais devagar, abrindo mato com as mãos para poder passar. Os bichos gritavam do outro lado da mata. Mas eu precisava seguir, pois ao amanhecer o moinho estaria funcionando e daria tempo de voltar no mesmo dia.O medo era minha constante companhia. Eu sabia que ir até o moinho era meu compromisso e não podia desistir. Eu tinha de ser corajosa. Porém, a paisagem me deixava cada vez mais medrosa. Sem uma lamparina, sem nada, somente árvores que tapavam até o clarão da lua e das estrelas. Ouvia e via coisas que só a imaginação permite. Chegando no alto de um morro, avistei um céu lindo. Parecia ter chamas no horizonte e bolas de algodão. Os pássaros brincando de pega-pega e o galo em cima do puleiro. Fiquei mais tranqüila quando veio em frente de meus olhos este maravilhoso cenário. O dia amanheceu finalmente, deixando meus medos e minhas imaginações mato a dentro. Para chegar ao moinho que se localizava na comunidade do Leste, não havia estradas, eram só piques. Cavalgando e cavalgando sabia que estava cada vez mais perto. Logo olhei para frente e vi o moinho com seus enormes cataventos a girar. Chegando lá, minha tia, que era dona do moinho, estava saindo de casa com um balde em sua mão para ir tirar leite. Quando ela me viu, largou o balde e foi até o moinho dar o que eu precisava. Com a farinha em mãos, agradeci. Peguei minhas coisas e comecei a andar, para chegar logo em casa, pois sabia que não era perto e que talvez poderia enfrentar dificuldades. No caminho de volta, o medo não conseguiu me alcançar, porque já estava claro e eu podia enxergar se havia algum perigo. Os fantasmas da imaginação não se atreviam a aparecer de dia. Alguém sempre tinha de ir buscar a farinha, que era um dos alimentos que a mãe mais utilizava, pois a polenta era comida no café da manhã, no almoço e no jantar. Eu sendo a mais velha, rezava e ia.Trilhei esse caminho por um longo período. Perdi a conta de quantas orações fiz para que a trajetória fosse tranquila. Porém meu medo só passou quando meu irmão cresceu e assumiu minha função. Tenho saudades daquele tempo em que convivia abertamente com a natureza, mesmo com seus perigos. Fui uma das primeiras a habitar essa pequena e humilde cidade, porém com uma enorme história, que me orgulho em contar às pessoas mais novas. Memórias são coisas do passado que o tempo não apaga, e essa que conto é um pedaço de minha vida que guardo com muito amor e carinho dentro de uma caixa chamada coração.
Moinho das Saudades
Numa noite gostosa de dormir, nas minhas contas umas três horas da manhã, quando celei meu cavalo e botei o pé na estrada. Ia no pacinho do cavalo e nas batidas do coração. O medo tomava conta de mim. O mato era bordado de animais ferozes que a qualquer momento poderiam me atacar. Com a esperança que o dia amanhecesse, ia cada vez mais devagar, abrindo mato com as mãos para poder passar. Os bichos gritavam do outro lado da mata. Mas eu precisava seguir, pois ao amanhecer o moinho estaria funcionando e daria tempo de voltar no mesmo dia.O medo era minha constante companhia. Eu sabia que ir até o moinho era meu compromisso e não podia desistir. Eu tinha de ser corajosa. Porém, a paisagem me deixava cada vez mais medrosa. Sem uma lamparina, sem nada, somente árvores que tapavam até o clarão da lua e das estrelas. Ouvia e via coisas que só a imaginação permite. Chegando no alto de um morro, avistei um céu lindo. Parecia ter chamas no horizonte e bolas de algodão. Os pássaros brincando de pega-pega e o galo em cima do puleiro. Fiquei mais tranqüila quando veio em frente de meus olhos este maravilhoso cenário. O dia amanheceu finalmente, deixando meus medos e minhas imaginações mato a dentro. Para chegar ao moinho que se localizava na comunidade do Leste, não havia estradas, eram só piques. Cavalgando e cavalgando sabia que estava cada vez mais perto. Logo olhei para frente e vi o moinho com seus enormes cataventos a girar. Chegando lá, minha tia, que era dona do moinho, estava saindo de casa com um balde em sua mão para ir tirar leite. Quando ela me viu, largou o balde e foi até o moinho dar o que eu precisava. Com a farinha em mãos, agradeci. Peguei minhas coisas e comecei a andar, para chegar logo em casa, pois sabia que não era perto e que talvez poderia enfrentar dificuldades. No caminho de volta, o medo não conseguiu me alcançar, porque já estava claro e eu podia enxergar se havia algum perigo. Os fantasmas da imaginação não se atreviam a aparecer de dia. Alguém sempre tinha de ir buscar a farinha, que era um dos alimentos que a mãe mais utilizava, pois a polenta era comida no café da manhã, no almoço e no jantar. Eu sendo a mais velha, rezava e ia.Trilhei esse caminho por um longo período. Perdi a conta de quantas orações fiz para que a trajetória fosse tranquila. Porém meu medo só passou quando meu irmão cresceu e assumiu minha função. Tenho saudades daquele tempo em que convivia abertamente com a natureza, mesmo com seus perigos. Fui uma das primeiras a habitar essa pequena e humilde cidade, porém com uma enorme história, que me orgulho em contar às pessoas mais novas. Memórias são coisas do passado que o tempo não apaga, e essa que conto é um pedaço de minha vida que guardo com muito amor e carinho dentro de uma caixa chamada coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário